domingo, maio 27, 2007

 

Desabafo da "senhora"


Recuperada, a “senhora” agradeceu ao Augusto.
- Obrigada! Como sabes, o meu filho viveu nesta casa toda a vida até ir para Lisboa. Talvez seja minha a culpa de ter degenerado.
- Talvez…, mas sente-se.
- Não!, deixa-me estar de pé. Ele foi… e eu aqui continuei com meu marido, para quem o orgulho da casta tinha mais valor que o próprio Deus… Não me compete julgá-lo. Sou vítima da educação que levei, se acaso os meus gestos estão dentro da verdadeira justiça. Enamorei-me daquele a quem todos tratavam por Andarilho. Lembras-te dele? Dele fiquei grávida do Ildefonso. Casei-me à pressa com o Vítor Lameira. Pensou sempre que o Ildefonso era seu filho e nascera prematuro. O Andarilho, portanto, é o verdadeiro pai do Ildefonso. Mas é preciso que nunca o saiba. Jura-me que nunca lho dirás.
- Esteja descansada.
- Ele sempre gostou de mim. Depois era essa vontade do meu pai, que ainda conheceste e se chamava Aniceto. Mas é preciso que comece pelo princípio, para poderes compreender-me. Para me dar uma educação já de acordo com as exigências da época, meu pai consentiu em mandar vir um professor cá para casa. Não podia ser uma mulher, pois meu pai jurara, quando enviuvou, que jamais mulher alguma cruzaria os umbrais da sua porta, nem como criada. O professor que chegou, recomendado por um amigo, era um rapaz alto, moreno, plebeu dos quatro costados. Passado pouco tempo o amor nasceu entre nós. Recomendava-me a mim própria prudência. Meu pai não poderia jamais acreditar que a sua filha descesse tanto. Quando fiquei grávida do Ildefonso, o nosso amor, o nosso olhar dizia o que as nossas bocas não se atreviam. Éramos felizes assim com uns momentos roubados em que podíamos trocar uma palavra, depois dele se ter atrevido, enfim, a demonstrar-me o que sentia. Foi logo à primeira. Depois de o meu pai saber, defendi-me como pude; pedi, supliquei. Tudo em vão. Ele não me quis ouvir. Despediu-o e obrigou-me a casar com o Vítor Lameira. O resto já tu sabes.
- Compreendo. Mas há um depois…
- Agora deixa-me descansar. Amanhã te contarei o resto.

terça-feira, maio 22, 2007

 

Desmascarado


- Olha, olha. Deu o fanico à velha – resmungou o indivíduo ao vê-la estendida no soalho. É a tua mãe, refinado mentiroso e bissexual consagrado? Tens pena dela? Olha que a culpa é só tua. Vais pagar-me o que me deves, ou vais pedir-me que espere até vires a casa? T’ás em casa. Toca a pagar-me. - Tratava-se dum tipo a quem costumavam tratar por Xauter Águas.
Ildefonso debruçara-se sobre a mãe, mas o Augusto, que entretanto se tinha aproximado, levou-a até ao velho sofá, deitando-a sobre ele. Viu que nada de especial se passava com a “senhora”. Precisava apenas de descansar um bocado.
- Quanto lhe devo?, perguntou Ildefonso ao tal Xauter Águas.
- Tanto quanto aqui está escrito. A despesa da viagem já está incluída. Nem te cobro os juros, “filhinho”.
Pegou num papel e estendeu-o a Ildefonso.
- Ena. Nunca pensei que fosse tanto. Três mil euros? De quê?
- Lê, se quiseres. Está tudo descrito, parcela por parcela. Cama. Mesa, roupa lavada e ainda aqueles empréstimos que te fiz várias vezes. Quando faltava a carta da mamã com o cheque… eh-eh-eh… As bebedeiras que apanhavas nem te deixavam fazer contas…
- Não tenho agora essa verba.
- Vou passar-lhe um cheque, disse o Augusto. Depois faremos contas.
Passou o cheque e entregou-o ao tal Xauter Águas, que se foi embora de seguida.
- Agora, “irmão”, vais dizer-me se ainda há mais gente que pode vir bater-te à porta a pedir que pagues. Já agora, responde-me a uma pergunta: porque usaste tanto nome falso? Não deixas de me surpreender. Só espero que este indivíduo não vá badalar por aí… Canidelo é uma terra pequena e tudo se sabe rapidamente.
- Queres tomar nota? Ou melhor. Meteu a mão num bolso do casaco e retirou um papel que lhe estendeu e onde figuravam todos os nomes de guerra” por si usados. Aqui tens. Guardei-o para me lembrar de todos eles sempre que necessário.
Augusto, abrindo o papel olhou-o abismado.



sábado, maio 19, 2007

 

De amigo para amigo

A conversa entre ambos foi longa. Augusto fez valer a sua qualidade de médico e fez prevalecer as suas opiniões repartidas com a sua colega e amiga Adelaide N.
Mo limiar do desespero, Ildefonso aceitou tudo quanto lhe foi proposto, prometendo obedecer em tudo quanto Augusto decidisse.
Depois, já mais calmo, perguntou-lhe como iam os seus assuntos com Cristina e ficou a saber da proximidade da boda.
Por seu lado, o Augusto disse-lhe que não seria nada de especial; apenas um simples casamento e que nem viagem de núpcias fariam, já que tinha doentes de quem tratar, não se podendo ausentar e que naquele momento exacto ela estava a preparar-se para ir para sua casa.
Ildefonso limitou-se a acenar com a cabeça e a dizer-lhe que fazia bem, e que ele próprio tinha pensado nisso enquanto esperava sozinho no seu quarto.
De repente ouviu-se o som de vozes, lá me baixo. Abriu a porta tentando ouvir o que era dito.
A “senhora” sua mãe, quase gritava afirmando que não. Ali não morava ninguém chamado Zézé Nalgas ou Reis, muito menos qualquer antigo professor da 4ª classe, nem Barbosa ou ferreira. Ali não morava nenhum homem sadio e belo, apenas ela e seu filho, por infelicidade muito doente. O visitante teimava em vê-lo para confirmar se se tratava do mesmo indivíduo que procurava.
A “senhora” mostrava-se ofendida e tentava empurrar o visitante para a porta.
Subitamente, este gritou:
- Ah. Estás aí, grande burlão. Vigarista, aldrabão é o que tu és.
A “senhora”, olhando para trás viu seu filho e não conseguiu aguentar mais. Caiu para o lado, desmaiada. As emoções fortes sucediam-se em catadupa.

terça-feira, maio 15, 2007

 

Boa Viagem,Astonished.

Boa a viagem Astonished e que a estadia decorra na medida dos teus desejos,
estragos,por via dela, são já notórios em Canidelo onde o caquéctico professor estrebucha e esparrinha de raiva. Coitado!
O milagre não foi na Mata Real antes no Cidade de Coimbra onde a compensação para o tal golo manufacturado da primeira volta veio pela mão do Auxílio Baptista,arredio que continua em marcar penalidades contra o Sporting,sejam elas do tamanho da Ponte Vasco da Gama!
Boa estadia e um abraço do Osório Rio.

segunda-feira, maio 14, 2007

 

Explicações


Uma vez entrado e sentado, o Augusto logo se viu assediado com perguntas, quer por parte da “senhora” quer, ainda que mais moderadamente, por Cristina.
Fez um sinal com as mãos, para que o deixassem falar, e começou o seu relato, enquanto reparava que a "senhora" parecia ter envelhecido anos em apenas algumas horas.
- Telefonei à minha colega Adelaide N, de Lisboa. Confirmou tudo o que disse a Ana Catarina. Posso dizer, no entanto, que há ainda algumas esperanças quanto ao tratamento e possível cura do Ildefonso. Se estiver de acordo, vou fazer-lhe uns testes e pedir umas análises e depois, se tudo correr como espero, iniciará o tratamento.
Devo dizer-lhes não ser o momento apropriado para qualquer recriminação. Quanto a ti, Cristina, se estiveres de acordo, casaremos logo que a papelada esteja em ordem. Talvez dentro de uma semana. Quanto a si, cara “senhora”, deverá tomar todas as precauções, que lhe indicarei, para se proteger de uma eventual contaminação. Ias dizer alguma coisa, Cristina?
- Ia dizer-te apenas que sim. Que quero casar-me contigo o mais depressa possível. A papelada não demorará mais que dois a três dias.
- Ainda bem. Tenho casa arrendada e mudar-te-ás para lá ainda hoje. A senhora Angelina, minha governanta e cozinheira, cuidará de tudo. Vai preparar as tuas coisas que logo passarei por cá com ela, e as levaremos no carro. Quanto a si, “senhora”, aconselho-a a falar com seu filho. Mostre-se terna, carinhosa. Apesar de tudo é seu filho. Agora, se me permitem, vou dizer-lhe o que penso poder fazer por ele.
- Augusto – chamou a “senhora”. Obrigado por tudo.
- Por nada “senhora”. Apesar da minha modesta origem. De plebeu, continuo a considerar-me “irmão” de seu filho. A amizade não deve conhecer barreiras ou diferentes cores de sangue. Vai, Cristina, antes que se faça tarde. Esta noite jantarás comigo, na tua nova casa.
Ela não se fez rogada e foi quase a correr que subiu as escadas. Ele seguiu-a e dirigiu-se ao quarto do Ildefonso.

domingo, maio 13, 2007

 

A treze de Maio, na Mata Real...

Ficou-se a saber quem (constando dos dados que ficam para a história!)
É o campeão nacional!
Avé, avé, avé Maria!

E sempre com a mesma música:

Avé, avé, avé Maria...

E esse que é
O novo campeão
Deve-o sobretudo
A um golo com a mão!

Avé, avé, avé Maria!

Sem esse penalty
O que é que seria?

E, sempre com a mesma música!

J'ai trop été, j'ai trop pété
J'ai trop été
Au cinema!
J'ai mal au cul...
J'ai mal occu....
J'ai mal occupé ma jeunesse!

Creio que este será um dos meus últimos comentários até que o 19 de Junho se aprochegue!

Boas férias para todos! I will try to do the same!

Salut les copains et (nos entretantos!) também les copines!

sábado, maio 12, 2007

 

O telefonema



Sabia de antemão que o crivariam de perguntas e por isso, decidido, disse apenas:
- Vou fazer um telefonema e volto já. Aguardem-me que já venho.
E saiu. Sabia que a “senhora” não tinha telefone em casa. Dirigiu-se a uma loja de electrónica que havia ali perto.
Já lá dentro pediu, com toda a educação, se lhe seria permitido fazer uma chamada pêra Lisboa.
- Claro que sim, senhor doutor. Faça de conta que está em sua casa.
Marcou o número e esperou que lhe respondessem.
- Estou? Sim. Seria possível falar com a doutora Adelaide N? Ah!, és tu. Fala o Augusto Vieira. Lembras-te? Como tens passado, minha amiga? Claro que estou bem de saúde. E tu? Estás ocupada? Não. Precisava apenas de te fazer umas perguntas sobre uma doente tua que me visitou recentemente. Não. Está descansada que não quer mudar de médico. Tem até muita confiança em ti. Claro que te digo o seu nome. Ana Catarina… sim. É verdade. Esteve aqui em Canidelo. Gaia, claro.
…………………………………………………………………………………………….
- Não, minha amiga. Não é Porto. É Gaia. C A N I D E L O. Sim. Falou-me do seu estado de saúde. Sim. Contou-me que o diagnóstico é grave. Sim… Estou a ver… Sim. De qualquer maneira deverá ser tentado o tratamento. Claro. Não. Ainda não tenho o telefone instalado no consultório. Logo que o tenha ligo-te a dar-te o número. Entretanto, se não te importas, irei ligando a dar-te conhecimento do caso. Claro que sim. Obrigado e até breve.
Quis pagar mas não lho permitiu o empregado. “Então, senhor doutor? Claro que tenho todo o gosto em que use o meu telefone. Os amigos são para as ocasiões. Se precisar dos seus cuidados irei bater-lhe à porta. Ora essa…”
O Augusto saiu pensativo e regressou a casa da “senhora”, indo encontrar as duas mulheres ansiosas.

sexta-feira, maio 11, 2007

 

Tive que adiar a partida e por isso ainda ando por aqui!

Não que tenha muito a dizer mas o suficiente para justificar uma intervenção! Creio ter lido no Confradessa uma espécie de ameaça em que até o PGR seria envolvido! Tentou o Andróide uma vez mais assustar-me! Pobre de espírito como sempre esqueceu-se, como sempre, que eu até disfruto dum estatuto especial e que para mim as sua ameaças me fazem rir! Esqueceu-se uma vez mais do tamanho da sua pequenez que é enorme! Só lhe peço que comece de verdade o tal processo contra mim por ter afirmado que o Durão Barroso (tal como o Andróide'!) não arranjam maneira de justificar um Dr. antes do nome! A maneira não é bonita mas não passa duma mera cópia do que o seu PSD tentou sobre o diploma de Sócrates! Durante as próximas 6 semanas não lerei nada sobre Portugal e espero que ele aproveite esse tempo para se pôr em causa! Se o fizer com lucidez vai sair mais pequenino do que aquilo que sempre se imaginou!

 

Confissão

Ambos subiram ao quarto do Ildefonso, que teve o cuidado de fechar bem a porta para que o seu relato não fosse ouvido nem interrompido.
Sentou-se na cama, enquanto o Augusto se sentou numa cadeira ao lado de uma mesa redonda onde há anos estudavam juntos.
- Sabes como é a vida aqui em Canidelo. Como também sabes domo é diferente da de Lisboa ou Coimbra. Tu estudaste em Coimbra e eu fui mandado para a capital, satisfazendo a vontade de minha mãe, que não queria que estivéssemos juntos. A nossa amizade, como bem sabes, nunca lhe agradou muito. Aqui em Canidelo chamam-lhe ainda hoje a “senhora”, por causa das suas manias de grandeza. Há até quem lhe chame a “senhora condessa, confradessa da borra”. Sabe-lo tão bem como eu…
- Claro que sei… não pares, prossegue o teu relato.
- Confissão!, faço questão de chamar assim ao meu depoimento perante o meu amigo de infância, meu “irmão”. Logo que me mudei para Lisboa, resolvi mudar de nome durante as minhas investidas… Os nomes sucediam-se e era agora um e logo outro, consoante quem encarava. Como também sabes, em tempos desempenhei funções de secretário da Junta de Freguesia. E lembrei-me de me fazer passar, adoptando diversos nomes de vários canidelenses. Ora um ora outro. Tive tantos pseudónimos que já nem me lembro de todos eles. À noite ia disfarçado de rapariga, com uma cabeleira, ora loira ora morena, por vezes ruiva. Fazia-me passar por uma ela. O dinheiro que minha mãe me mandava não chegava para todas as extravagâncias. Resolvi ganhá-lo prostituindo-me.
- Mas….
- Desculpa, mas agora falo eu. Fiz tudo e de todas as maneiras. Não te vou fazer um desenho, pois és homem e compreendes o que digo. Como já deves ter lido, aparecem clientes que querem o “serviço” feito ao natural. E foi assim que apanhei uma virose incurável. É verdade que tinha relações com mulheres e com homens. Eles pagavam bem e não podia desperdiçar esse dinheiro, que me permitia viver desafogadamente. Contaminei a Ana Catarina e depois a Mafalda. Os meus amigos que estão lá em baixo fazem parte do meu grupo. São apenas alguns deles. Eis, em resumo, a história da minha vida. És médico e sabes que não tenho cura.
- Bem… talvez…
- Não. Já mo disseram frontalmente. Os vírus que contrai são de uma estirpe sem reversão possível. Estou condenado. Mas levo alguns comigo…
- Que queres que faça?, se posso fazer alguma coisa por ti?
- Que cases com a Cristina e a faças feliz. Limitar-me-ei a esperar que a morte me leve deste inferno de vida em que vivo. Penso que saberás como explicar a minha mãe o sucedido. E agora, por favor, deixa-me só.
O Augusto obedeceu-lhe e saiu do quarto. Desceu as escadas e foi encontrar-se com a “senhora e com Cristina; os amigos do Ildefonso, compreendendo ser o melhor a fazer, tinham partido.

quinta-feira, maio 10, 2007

 

Eu não me ri nem o lamentei!

Não dá para ser artista de cinema e até nem nos Morangos com Açucar se safaria! A cara é a de alguém que não está bem consigo mesmo e até creio que o melhor comentário seria o da sua própria mulher (mesmo que não seja uma mulher!) e que o conhece muito melhor que eu! Felizmente para mim e talvez também para ela(e)! No fundo o que mais convive com ele é ele próprio! E o melhor e mais profundo comentário será (ou seria!) aquele que um dia ousasse fazer da sua existência! Tem um mês e tal para o preparar já que, provavelmnte, não o erei antes do 20 de Junho! E agora sinto que começa o Gato Fedorento!

 

Enquanto espero o Gato Fedorento!

E até porque hoje só passa por aqui o Eurosong Festival abri o Confradessa só para me certificar que ainda há gente que vegeta (viver seria um exagero!) em permanência atràs do computador! Já responderam à minha intervenção sincera da nulidade de interesse do meu único comentário de ontem em que reafirmei que Durão Barroso não é portador de NENHUM diploma que lhe confira o Dr de que tanto se abusa (sobretudo em Portugal!) Eu, que até me rio dessas coisas, estava à espera dum documento que me contradissesse! Claro que o não encontraram e sei que se há coisa de que eles gostariam seria provar o contrário do que afirmei! Mas por aí nunca lá chegarão! Por mais que empurrem! Já lhes fiz saber também da nulidade dum certo Secretário da Junta duma freguesia do concelho de Gaia (irá Deus saber porquê!) eu que conheço mais da metade da verdade! Sendo a mais importante das verdades que estarei ausente a partir de amanhã e isto por quase 5 semanas! O resto será, como sempre foram, tretas de gente sem classe!

 

Sobre o meu único comentário de ontem!

Não o vou retirar até porque aí mais não faço que repetir o que já tinha dito antes! Mas a verdade é que, apesar de tudo, abri o Confradessa e logo no primeiro comentário (que eu já tinha esquecido mas que interpretei como se de um novo se tratasse!) achei como necessário colocar os pontos nos "iiis" e a minha resposta só mostra consistência mesmo se a ache desnecessária! O pouco que acrescentei sabe-me a muito! Foi o facto de saber que através do PD, ao princípio e do PQ, mais tarde, soube fazer amigos em Portugal! E o valor desses amigos ajuda-me a esquecer o facto de que também tenha "conhecido" inimigos (a palavra até nem é a mais apropriada!)! Mas tratando-se de gente assim também nunca os desejaria como amigos! Para eles o meu mais profundo esquecimento! E até por voltas do 20 de Junho que nos entretantos outros valores mais altos para mim se alevantarão!

 

Surpresa

Augusto olhou-a bem nos olhos, interrogando-a silenciosamente. Ela limitou-se a um pestanejar e a abrir bem os olhos depois, como que dizendo-lhe que algo de muito grave se passava ali.
Entrou e logo se acercou da “senhora”, que respirava com dificuldade.
Calmamente desabotoou-lhe o vestido azul que tina no corpo. Sem falar, indicou a janela a Cristina e logo esta a abriu.
Na sala reinava o mais absoluto silêncio. Mafalda parecia à beira de um ataque de nervos. Ildefonso e seus amigos estavam acabrunhados.
- Que se passa aqui, afinal? – perguntou o médico.
Ninguém ousou responder à sua pergunta. Foi então que a Ana Catarina se decidiu a intervir:
- Depreendo que seja o médico. Talvez o tal Augusto de que tanto falava o patife do Ildefonso?
- Assim me chamo, realmente. Mas, quem é e que faz aqui?
- É uma longa história da qual já dei conhecimento à dona da casa e a esta menina que, presumo, é sua noiva…
- Oficialmente ainda não é, mas penso pedir-lhe que case comigo.
Cristina corou de felicidade. Toda ela tremeu, de alto a baixo. Sentia-se a mais ditosa e esteve a ponto de soluçar, nada podendo dizer.
- Bem! Terminei o que vim fazer. Vou embora, porque devo apanhar o comboio nas Devesas e antes dele o autocarro que lá me leve. Devo seguir ainda hoje para Lisboa. Eles – apontou para todos – lhe contarão do que se trata. Aqui tem um cartão meu e poderá contactar-me se achar necessário. Tudo o que disse pode ser confirmado pela médica que me assiste. Talvez a conheça. Trata-se da dra. Adelaide N. Conhece? Ainda bem, disse ao aceno dele. Pode falar com a sua colega. Há apenas dois dias que morreu uma vítima da perfídia do Ildefonso: tratava-se de um tal Ernesto Silva. Ele, e apontou para o filho da “senhora”, lhe contará tudo o resto. Boa tarde.
E saiu, batendo a porta atrás de si. Foi então que, um pouco surpreendentemente, a “senhora” conseguiu articular algumas palavras:
- Ildefonso – pronunciou debilmente – diz-me que nada disto é verdade; diz-me que ela mentiu, essa Ana Catarina…
- Não mãe. É tudo verdade. Estou condenado, assim como estes amigos e a Mafalda, à morte. Não há nada a fazer. Os vírus tomaram conta de nós. A vida na capital não é vivida como por aqui…
- Queres contar-me o que se passa, Ildefonso, em nome da nossa velha amizade? Lembra-te que somos “irmãos”, pediu o Augusto.
- Da minha boca, “irmão”, só ouvirás a verdade. Vou contar-te tudo para que possas ficar ao corrente da minha desgraça. Foi por isso que apressei a minha vinda a Canidelo. Mas, contar-te-ei tudo a sós. Queres vir até ao meu quarto?

quarta-feira, maio 09, 2007

 

Durão Barroso não é doutor em coisa alguma!

Não soneguei nunca nada e se é verdade que retirei um comentário afirmando o que hoje está em título foi por nele ter cometido erros de Português! Preferi substituí-lo pelo CV oficial do Durão Barroso a que tenho acesso e que, felizmente, não é dado a todos! Devo mesmo afirmar que se há coisa que de pouco me importa é o CV do Durão Barroso! Com ou sem um Dr a antecipar-lhe o nome a minha consideração por essa pessoa continua a mesma que tinha no seu percurso de MRPP a PSD e liberal convicto! Também de nada me importa se tenho ou não direito a um Dr a antecipar-me o nome! Quer o acaso que eu o tenha e sabe-o o Andróide tão ou até bem melhor que eu! Quanto a esse Dr (de que é fácil admitir que ele não tenha!-fácil porque óbvio!) eu até o poria em leilão a favor da sopa dos pobres do Canidelo! Julga o Andróide que é por julgar conhecer o meu nome que se vai tornar maior! Bem se engana! E não será a primeira vez que se engana! Com a melhor vontade do Mundo até lhe desejaria que fosse a última mas ele não conseguirá! Nasceu pobre de espírito e com ambições a mais! Morrerá pobre de espírito e já sem ambições outras que não tivessem sido as suas toda a vida: desejar o pior para aqueles que ele sabe serem superiores e até lamento que seja eu a lho fazer lembrar! Aproveito para dizer que cheguei hoje de Portugal (uma curta visita à família que aproveitei para ver Amigos com A grande!) e mais dois dias estarei de novo de partida por algo mais do que um mês em que não perderei um minuto a sujar-me as mãos num qualquer cyber-café lá onde vou! Aproveito para abraçar de novo esses Amigos que encontrei não muito longe da Serra do Pilar na passada segunda-feira entre umas tripas e um polvo frito! As fotografias seguirão por pombo-correio e temo não ter o tempo de as publicar (fosse ela só uma!) aqui no PQ! Ainda não abri o PD e creio que não será nas próximas semanas que o farei!

terça-feira, maio 08, 2007

 

Batem à porta



Estava a Mafalda para começar a falar quando subitamente batem à porta. Adivinhou-se ser um bater de raiva.
Todos viraram a cara na sua direcção. Cristina, levantando-se, foi até ela e abriu-a. Do lado de fora encontrava-se uma rapariga aparentemente da sua idade.
- É aqui que mora o desavergonhado do Ildefonso?
- Sim! Mas… quem é a senhora?
- Posso entrar? Tenho algo de muito importante a dizer e não deve ser dito daqui. Olá… vejo que te antecipaste, grande patife.
A “senhora” e todos os amigos que haviam acompanhado o Ildefonso, desde o Bartolomeu, Joaquim, Magalhães, Abílio e Mafalda sobretudo, olharam o Ildefonso de modo interrogativo.
- Ana Catarina” Não posso crer que me tenhas seguido até aqui. Como pudeste?
- Pensavas livrar-te de mim assim? E fez estalar dois dedos da sua mão direita.
A “senhora” ficou prostrada na cadeira. Estava lívida e adivinhava que algo de grave se passava entre seu filho e aquela recém-chegada, que ele tratava por Ana Catarina, que, sem mais delongas e empurrando para um lado a apática Cristina, entrou na sala.
- O que aqui me traz é uma missão de saúde. O Ildefonso contraiu uma forte virose e não poderá casar-se com ninguém. Deverá manter o celibato até à hora da sua morte. Foi por esse motivo que abandonou a medicina e foi para engenharia. É a menina a sua nova noiva? Já…
- Sim… respondeu surdamente Mafalda.
- Não passa de um mentiroso e de um safardana. Estou em tratamento por sua causa. Andou numa “rica” vida, esse “menino”. A senhora deve ser a sua mãe. A menina a sua noiva. È a sua prima? Falava de si e dizia que casaria com um médico, um tal Augusto Vieira. Vocês, rapazes, são como ele. E também estão todos infectados. Todos vocês. Nunca soube esconder a sua bissexualidade. Não passa de um depravado e de um imoral.
A “senhora” desmaiou e a Mafalda ficou sem gota de sangue. Estava prestes a desfalecer. Cristina estava sem fala. Os podres do Ildefonso estavam a descobertos.
- Anda lá, diz alguma coisa. Não penses que por estares em tua casa, em Canidelo, ficas encoberto. Vais pagá-las todas. Não passas de uma vergonha sobre duas pernas. És uma fraude. Não vales nada.
Ildefonso deixou-se afundar no sofá. Seus amigos pareciam estátuas de cera.
O silêncio que se seguiu foi quebrado por novo bater à porta. Uma vez mais a Cristina foi abri-la.
Ali estava o Augusto Vieira, que sorriu, feliz, ao vê-la. E de imediato se apercebeu que algo de grave se passava naquela sala que tão bem conhecia desde criança.

segunda-feira, maio 07, 2007

 

Quem vem e atravessa o rio.....

Quem vem e atravessa o rio,junto á Serra do Pilar,vê um velho casario e... eles a almoçar.
Presente e bem visivel entre os convivas a boa disposição,conversa serena e alegre,
via-se que muito afável.Excelentes os filetes de polvo acompanhados por arroz que solto estando,convenientemente foram regados por um seivoso branco seco,bem fresco,
que as tripas,essas,confeccionadas á moda da que sendo cidade é mui nobre,tambem invicta e sempre leal,tiveram por companhia um taninoso e macio nectar que do Tejo veio mais alem.
Enquadramento magnífico que a ocasião merecia,eramos mais de dois e a meia dúzia não chegavamos.Diplomados? Nem todos ! E o Osório ? Bebeu!
Abraço.

domingo, maio 06, 2007

 

Recuperação



O semblante da “senhora” obscureceu-se. Uma sombra passou pelos seus olhos, mas já o Ildefonso tomara a palavra.
Falou de tudo, de Lisboa, onde estudava, das grandes tendências cada vez mais liberais da capital.
Depois sonhou em voz alta, falou da esperança, em reivindicações, em direitos.
Cristina não entendia muito bem o que ele dizia, mas dava-lhe imensa razão. A mãe não percebia absolutamente nada, mas não lhe dava nenhuma.
Uma nobre não pode pensar assim. Disso tinha a certeza.
Ou ela se enganava muito ou tinham sido assim uns brados iguais de revolta, uma semelhante afirmação de direitos, que custou a prisão a muitos.
Ela detestava a plebe, e estava tudo dito. Resolveu mudar o rumo à conversa.
- Ora diz-me lá. Então pensas casar-te em breve com a…
- Mafalda, mãe.
- …pois, Mafalda. E que faz ela na vida? Também estuda medicina, como tu?
- Se tudo correr bem, minha mãe, terá dois engenheiros na família em Junho. Quer eu quer a Mafalda, como estes amigos que me acompanharam, estamos em engenharia civil. Inscrever-nos-emos na Ordem dos engenheiros e construiremos casas e pontes, entre tantas outras estruturas… Já há muitos doutores…
- Mas…
- Eu sei, mãe. Queria um médico na família. Ainda não será desta. Talvez venha a ter um neto, ou neta, que queira ser médico. Mas eu não. Então? Aprovas a Mafalda?
- …Hum. Se assim o desejas, que seja bem-vinda à família. Minha querida – dirigindo-se a Mafalda – fale-me de si; de onde é, quem é a sua família… vá, não tenha preconceitos.

 

O relambório do vetusto professor.

Passados os olhos pelo relambório do vetusto professor e antes de adormecer por via do "latinório" vertido em comentário,entrei na página do CM e o que vi ?
Artigo sobre tramóia,urdida com o intuito de prejudicar Socrates aquando das eleições legislativas e onde pontificam um polícia,dois ou três jornalistas e um assessor de Santana Lopes que estão a ser julgados.Bem orquestrados os "manfios"!
Mas ao que parece ainda não aprenderam e assim a boataria,os fait-divers,enfim a baixa politica continuam.Pobres dos desclassificados!
Bom fim de semana,abraço do Osório.

sábado, maio 05, 2007

 

Terapia

Tratamento destinado a reconduzir o paciente à condição normal de saúde. Compreende todas as formas possíveis de tratamento, tais como terapia cirúrgica, medicamentosa, radioterapia, quimioterapia, terapia psicológica e psiquiátrica, etc.
Na medicina moderna distinguem-se a terapia conservadora e a operatória, que podem ser empregadas separadamente ou em conjunto.
A terapia conservadora inclui, entre outras medidas, a correcção da variação de fluidos orgânicos, a melhoria das condições de nutrição, as dietas destinadas a corrigir certas anormalidades, o combate às infecções por meio de medicamentos, a administração de hormonas, o tratamento de fracturas ósseas e de luxações e o repouso no leito.
A terapia psicológica ou psiquiátrica, com ou sem internamento em hospital da especialidade, sessões de psicanálise, de grupo ou individuais, por vezes intensiva. “Tratamento aplicado a doentes que necessitam de cuidados e atenção constantes, por prolongado período de tempo. Apesar de tudo existem bons hospitais, com alas especializadas para tratamento intensivo”.
A terapia operatória envolve, algumas vezes, a cura completa; noutras ocasiões, objectiva-se apenas uma cura parcial, livrando o paciente dos sintomas da moléstia ou do seu perigo iminente.
Pode-se empregar a terapia operatória também para destruir ou extirpar uma parte do corpo, que compromete o restante, como o caso de amputação de um membro gangrenado, ou para reparar uma lesão.
O professor Egas Moniz foi laureado com o Nobel da Medicina pela sua Lobotomia, operação praticada na psicocirurgia, que consiste em accionar as fibras nervosas ligando o tálamo ao lobo pré-frontal.

 

A chegada de Ildefonso



- É preciso preparar uma ceia! – disse a “senhora”. Vou já avisar a Angelina.
A tia foi à procura da criada e Cristina ocupou-se a preparar mesa para que o Ildefonso a encontrasse posta à sua chegada.
A “senhora” regressou. Sentia-se bem disposta. E foi sorrindo que comentou:
- Sinto-me óptima… ou foi milagre do Augusto, ou do Ildefonso.
- Talvez dos dois, tia.
Era verdade que Cristina vivia na casa da tia, e a velha “senhora” achou que não valia a pena arreliar-se com a junção. Não estava ela tão contente? Os seus velhos braços pouco afeitos á ternura, não iam abraçar o querido filho da sua alma?
- Ora vivam os meus amores! Gritou da entrada uma voz jovial. Ambas se voltaram sem poder conter um grito de júbilo.
- Querido Ildefonso!...
- Como vais, “irmão”’…
- Venha de lá um abraço, mãe… e tu, Cristina… outro… muito grande… muito saudoso…
Não foi grato à mãe aquela expansão, pois a considerava superior à que o filho tivera com ela, mas não era o momento de se zangar. Limitou-se a meter-se entre os dois e abraçar de novo o recém-chegado.
- Mãe e Cristina. Eu sou o arauto de um grupo que me acompanha. Está lá fora à espera que o mande entrar. Espero que sejam bem recebidos.
Abrindo a porta, foi chamando um a um os seus amigos.
- Bartolomeu; Magalhães. Joaqim; Abílio… e por último tu, minha tão cara Mafalda.
Conforme iam entrando, iam cumprimentado tia e prima, a tia e mãe do Ildefonso e sua prima, logo colocando-se a um lado da porta.
Mafalda entrou e teve que esperar pela apreciação da “senhora”, já que avisada pelo Ildefonso…
- É tua amiga ou é mais que isso?
- É a minha noiva, já que penso casar em breve. Será a Mafalda a mãe dos meus filhos.
A “senhora”, sentindo-se desfalecer, teve que sentar-se numa cadeira, amparada por Cristina.
O Ildefonso fora tocado pela seta do Cupido.

sexta-feira, maio 04, 2007

 

Passeio pelo jardim



No dia seguinte, o Augusto Vieira regressou a casa da “senhora” indo encontrar Cristina sentada numa cadeira, ao lado de uma grande cerejeira à qual Ildefonso chamava a joalharia, por nela colher os brincos com que Cristina se adornava as orelhas. A velha árvores ficava perto do portão da entrada principal.
Depois de se saudarem delicadamente, ela perguntou-lhe se já tinha feito o diagnóstico sobre o estado de saúde de sua tia.
- O estômago não tem mais que muitos anos de trabalhos forçados. Precisa de ser regrada e perder na verdade um pouco o apetite. De resto, está sã como um pêro. Mas não desisti da ideia de lhe pregar um valente susto. Colaboras comigo, Cristina?
- Em tudo o que quiseres Gusto.
- Acho bem que lho preguemos quanto antes. Não temas porque trouxe comigo os sais e se simular o “fanico”, podes crer que logo desistirá, já que são muito fortes. Mudando de assunto: posso dizer-te que estás hoje ainda mais bonita que ontem?
- Oh, Gusto…
- Só lamento que tua tia, a “senhora”, ma não receba bem se souber qual o meu real interesse em vir cá muitas vezes…
- Que me pode importar isso a mim? Se cá não vieres vou eu ter contigo. Ora essa? O Ildefonso deve estar para vir de férias, por uns dias, e certamente vai ajudar-me. Não temas, Gusto.
- Então é que não venho mesmo cá mais a casa. Sabes… o Ildefonso…
- Bem sabes que gosto dele como de um irmão. Nada mais.
- Mas ele…
- Só tu me interessas e é a ti que eu quero. Decidi-o há anos e pronto. Vamos lá engendrar o que dirás a minha tia e não falemos mais deste assunto.
E os dois, amorosamente puseram-se a trocar impressões, não sem escapar ao olhar da “senhora” que, por dentro das vidraças seguia todos os seus gestos.

quinta-feira, maio 03, 2007

 

Só hoje me apercebi que não é só em Portugal que se escarra para o chão!

Também na China, preparando os próximos JO's, passa uma campanha tentando evitar o mau aspecto que dá escarrar para o chão! Que se escarre sim mas de preferência para um lenço em papel que depois se embrulhe num saco em plástico e se coloque o mais cerca possível dum boeiro!

 

Sinais da síncope



O início da síncope é abrupto, caracterizado por fraqueza muscular generalizada, dificuldades para permanecer em pé e redução considerável da capacidade de percepção.
Apesar do seu carácter repentino, pouco antes de se consumar, a síncope é precedida por certos “sinais”, como mal-estar, tonturas, confusão nos sentidos, zumbidos nos ouvidos, vista turva, palidez acentuada e abundante transpiração fria. Assim, quando o indivíduo procura atenuar essas sensações, deitando-se e mantendo a cabeça baixa, pode evitar a síncope.
Logo após o desmaio, é conveniente fazer com que o sangue volte a fluir para o cérebro. Por isso, deve-se colocar o doente em posição tal que a sua cabeça fique abaixo do nível do corpo; é também aconselhável erguer as suas pernas.
Como a língua pode bloquear a respiração na garganta, é importante virar a cabeça do paciente para o lado.
As roupas do paciente devem ser afrouxadas para facilitar a sua respiração. A sua face e o seu pescoço podem ser borrifadas com água. Quando a temperatura corporal está muito baixa, é aconselhável recorrer a cobertores e bolsas de água quente. Não se deve deixar o paciente levantar até que tenha restaurado o seu tónus muscular
Embora todos estes cuidados imediatos sejam eficazes e simples, é necessário recorrer ao exame clínico para diagnosticar a origem da síncope e determinar o tratamento adequado.

 

O encontro



Cristina, após ligeira hesitação, bateu à porta do consultório do Augusto. Demorou um minuto, se tanto, e abriu-se a porta. Uma voz forte e agradável fez-se ouvir: “Entre!”
E ela entrou. Ainda no limiar da entrada, ele viu-a e de imediato correu para ela, abraçando-a carinhosamente, beijando-a como costumava fazer em pequeno. Mas logo se afastou e sentou-se no seu posto. Começava a escurecer e acendiam-se já algumas estrelas.
- Desculpa, Cristina. Não pude conter-me.
- Oh! Não te preocupes; tive prazer quando me abraçaste.
Calaram-se ambos, mas dentro deles pairava o mesmo pensamento: “aquele garoto era agora um homem de verdade”; “aquela rapariguinha era hoje uma mulher apetecível”.
- Queres que te trate por tu ou por senhor doutor?
- Nem fales nisso. Continuo a ser o mesmo “Gusto” de sempre. E tu a “Tina” que tanto me arreliava às vezes.
Ambos riram francamente.
- Que te traz por cá? Não me digas que estás doente…
- Nada disso. Trata-se da minha tia – a “senhora” – que afirma que o velho dr. Sobral já nada sabe e quer ver se arranjas um remédio que a cure de todas as suas maleitas.
- Ah! Compreendo. Vou vê-la e pregar-lhe um susto de mil diabos. Vou dizer-lhe que terei de a operar…
Ambos riram e logo se puseram a caminho para a vetusta casa onde sempre morou a “senhora”.
Pelo caminho, foram pondo a conversa em dia e davam mostras de se entenderem perfeitamente. Ali havia amor pela certa
- Minha senhora…
- Obrigado por ter vindo tão depressa, Augusto Vieira. Folgo que tenha sido delicado para com a velha “senhora” de Canidelo.
Ele não respondeu à estocada: à chamada urgente da mãe de um amigo e tia da Cristina, não podia responder de outra forma.
Cristina respirou enfim: e teve vontade de lhe saltar ao pescoço, como fazia em criança sempre que ele a defendia.
A vontade que a tia sentiu foi diferente, pois bem percebeu que aquilo devia ser uma das tais superioridades da plebe que se permite ter ideias, mas resolveu afogar o seu despeito, e durante o tempo que se seguiu, mais de meia hora, só falou na sua doença.

quarta-feira, maio 02, 2007

 

Saltando dum canal ao outro acabei por não ver nada!

Não vi nenhum golo do Manchester United (o que agora sei ser normal!) Também não vi nenhum do Milan (apesar de terem sido 3!) Não vi nenhum golo do Nicolas Sarkozy como também não vi nenhum da Ségolène Royal! Mas agora posso afirmar que não é necessário ser-se forte para se ser Presidente duma coisa qualquer! Começo por pensar no Presidente dos EUA e acabo pelo Presidente da Comissão Europeia sem me esquecer do próximo e pretérito Presidente da Madeira! Estamos entregues à bicharada! Felizmente não sou Presidente de coisa nenhuma e até me sinto feliz por esse facto! Mas, o que é ainda pior, é que não estaria à altura de aconselhar um Presidente para os EUA, talvez sim para a Comissão Europeia ( teria aconselhado António Vitorino!) e até para o Sporting tenho dúvidas! Ajudei a escolher o Presidente da Comunidade de Proprietários do prédio onde habito e de que sou co-proprietário desde 1992 tendo, com muito bons falares, convencido o resto dos proprietários que me terem escolhido (como foi proposto!) seria um erro quase canibal! Como iria eu resolver um caso que aqui se passou em que uma proprietária que é italiana se viu vítima de tentativa de violação por um jovem que se escondeu numa garagem? Eu que até admiro a coragem do jovem!

 

Roubado ao CLARO! Porque gostei, claro!


terça-feira, maio 01, 2007

 

Causas de síncope



Os principais tipos de síncopes são de natureza cardíaca, circulatória ou nervosa. Os três produzem, como efeito final, deficiências na irrigação sanguínea do cérebro.
As síncopes de origem cardíaca resultam de afecções do músculo cardíaco, da membrana da superfície interna do coração. A excitação exagerada dos centros nervosos responsáveis pelos impulsos cardíacos, como os seios carotidianos, também provoca síncope pelo retardar ou bloq uear do reflexo cardíaco, o que faz baixar a pressão arterial, interferindo na circulação cerebral.
As causas mais frequentes de hiperexcitabilidade dos seios carotidianos são a arteriosclerose, a hipertensão e a menopausa.
As síncopes de origem nervosa, por sua vez, subdividem-se em três tipos: psocogénicas, ou emotivas, neurogénicas puras e reflexas. As psicogénicas são mais comuns em pessoas excessivamente emotivas. Tais pessoas podem sofrer síncopes quando passam por estados de medo, ansiedade ou choque, pois, nessas ocasiões, as suas descargas sensitivo-motoras incidem preferentemente sobre as desordens vasodepressoras, que desencadeiam o ataque.
As neurogénicas puras resultam de lesões dos centros nervosos, traumatismos ou tumores cerebrais. São extremamente graves e, em muitos casos, letais.
As reflexas podem ocorrer durante uma punção pleural ou abdominal, por dor aguda ou pela inalação abrupta de vapores tóxicos.

 

O percurso

Quando Cristina saiu e bateu a porta, a tia – a “senhora” – levantou-se majestosamente e foi repousar os achaques no velho cadeirão junto à lareira apagada, um hábito que os curtos meses de Verão não lhe deixaram perder.
Lá fora o sol era avermelhado e ia longe. Cristina sorriu ao ver o céu cor de laranja e pensou num desenho do Ildefonso, o filho da “senhora” – que mais parecia um ovo estrelado com molho de tomate. Como tudo aquilo era já velho…
Os três, Cristina, Ildefonso e Augusto, eram inseparáveis. Sim, porque mesmo contra a vontade da “senhora”, o Augusto era o companheiro preferido do Ildefonso. O filho queria assim e ela limitava-se a filosofar amargamente: “servos e senhores, tudo reina…”.
Esta evocação fê-la pensar no Augusto que não via há anos. Era um rapazola forte, moreno, com grandes olhos curiosos, ávidos de tudo.
Agora ia tornar a vê-lo; um médico. Ainda na véspera, quando vira o nome dele escrito em letras reluzentes numa placa negra, à porta do consultório, a sua lembrança foi a do antigo garoto, companheiro da brincadeira. Agora imaginava-o grande, muito grande… Era mais nova e ia fazer vinte e cinco anos. Como o tempo passa, mesmo para quem se aborrece na companhia de uma megera como a tia. Ildefonso também estava a acabar o curso.
A última vez que viu o Augusto foi três anos antes quando ele veio de visita a Canidelo, mas pouco falaram. Acabara-se a antiga intimidade.
Cristina achava a mãe do augusto, a senhora Maria, uma senhora regenerada, e não má de todo, apesar de tudo o que dela sabia.
Agora, o Augusto iria com ela ver a sua tia. O bom Vítor Lameira, homem rico, senhor das suas terras, era o verdadeiro pai dele. Muitos o sabiam mas calavam-se. Tinha assumido as despesas da formação do Augusto.
Estaria ela enamorada do Augusto? Nunca tinham falado acerca dos seus sentimentos, mas estava segura que ambos sabiam ser a verdade.
E ali estava ela em frente à porta do consultório do médico, sentindo o coração a galope dentro do seu generoso e belo peito.

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