- JOSÉ SÓCRATES: UM CASE-STUDY...
José Sócrates arrisca-se a, mesmo contra a sua vontade, ter de fazer um segundo mandato. A sua ruptura com o tradicional estilo português de fazer política (um parlamentarismo verboso, ignorante e pouco sério, próprio de um país rural, analfabeto, sem élites possuídoras de peso económico, técnico e científico) abre mesmo "novas fronteiras" e constitui um sério estilo novo, distinto da pobre e monótona paisagem política portuguesa.
Só a sua acção (quero mesmo dizer acção e não uma qualquer verborreia) pelo desmantelar das teias burocráticas de uma administração pública parada no tempo e paralizante (ainda vive nos tempos da lei 2005 do condicionamento industrial...) da iniciativa dos cidadãos, as suas repetidas tentativas de descongelar o mamute do Estado e a sua vontade de facilitar a modernização deste depauperado sítio poderão salvar o que resta da economia de ter de, a breve trecho, comer os seus próprios excrementos... Sócrates percebeu esta coisa elementar (que parece que antes dele ninguém tinha querido perceber): deixado à solta, com a sua cultura salazarenta e o seu apetite insaciável, o monstro do estado devoraria rapidamente tudo o que encontrasse para devorar. Obviamente, em amena e rendosa cumplicidade com o "complexo"...
Sócrates percebeu isso e, coisa rara, não se deixou paralizar nem intimidar e soube (embora nem sempre bem acompanhado nem bem assessorado) encontrar a forma de o enfrentar. Por isso, a meio deste seu mandato, a oposição está destroçada, sem ideias e sem líderes credíveis e sem horizonte (o espectáculo do PSD parece a "invencível armada" depois do seu encontro com Drake no Canal da Mancha...), enquanto o Governo continua a gozar de elevada popularidade muito depois de os media terem esgotado o seu "estado de graça". Um case-study...
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José Mateus Cavaco Silva at April 29, 2007 01:46
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