sexta-feira, maio 04, 2007

 

Passeio pelo jardim



No dia seguinte, o Augusto Vieira regressou a casa da “senhora” indo encontrar Cristina sentada numa cadeira, ao lado de uma grande cerejeira à qual Ildefonso chamava a joalharia, por nela colher os brincos com que Cristina se adornava as orelhas. A velha árvores ficava perto do portão da entrada principal.
Depois de se saudarem delicadamente, ela perguntou-lhe se já tinha feito o diagnóstico sobre o estado de saúde de sua tia.
- O estômago não tem mais que muitos anos de trabalhos forçados. Precisa de ser regrada e perder na verdade um pouco o apetite. De resto, está sã como um pêro. Mas não desisti da ideia de lhe pregar um valente susto. Colaboras comigo, Cristina?
- Em tudo o que quiseres Gusto.
- Acho bem que lho preguemos quanto antes. Não temas porque trouxe comigo os sais e se simular o “fanico”, podes crer que logo desistirá, já que são muito fortes. Mudando de assunto: posso dizer-te que estás hoje ainda mais bonita que ontem?
- Oh, Gusto…
- Só lamento que tua tia, a “senhora”, ma não receba bem se souber qual o meu real interesse em vir cá muitas vezes…
- Que me pode importar isso a mim? Se cá não vieres vou eu ter contigo. Ora essa? O Ildefonso deve estar para vir de férias, por uns dias, e certamente vai ajudar-me. Não temas, Gusto.
- Então é que não venho mesmo cá mais a casa. Sabes… o Ildefonso…
- Bem sabes que gosto dele como de um irmão. Nada mais.
- Mas ele…
- Só tu me interessas e é a ti que eu quero. Decidi-o há anos e pronto. Vamos lá engendrar o que dirás a minha tia e não falemos mais deste assunto.
E os dois, amorosamente puseram-se a trocar impressões, não sem escapar ao olhar da “senhora” que, por dentro das vidraças seguia todos os seus gestos.

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