terça-feira, julho 03, 2007

 

O Mentiroso

Que fotógrafos e caçadores ousem aproximar-se e eis que no céu de Canidelo não restará uma réstia de asa voadora. Mas que o pintor surja… Sim, que surja o pintor e de imediato terá rido início uma fabulosa história. Que o pintor se chame Luís Filipe, o amigalhaço, logo surge a tela da Galiza. E, a cada carícia do pincel sobre o tecido, logo se configura uma pena, apenas entrevista; logo um movimento, esboçado apenas, fica delineado.
O pintor, - por excelência predador de boas mentiras sobre ele próprio e suas amizades – escolhe as cores e as formas, tenta que apreendamos imediata e instintivamente o seu irmão predador do espaço que, por sua vez, é instintivamente um íntimo e familiar. O Milhafre tem a mesma natureza que o pintor, com o qual partilham o mesmo insubmisso espírito e uma idêntica liberdade. É difícil domesticar um Milhafre. É que no seu olhar paralelo, cintilam grandes coisas indomáveis, como a mentira, a traição e a hipocrisia.
Passei por Canidelo e vi-o. Parecia um Mocho fascinado com os seus próprios pios. E pelo fundo dos estranhos olhos, vão desfilando imagens… Pinta-se, então, a si próprio, soberano mas secreto, tentando ser invisível, como uma outra consciência das coisas do Mundo. Porém, face ao retrato que lhe revela a alma, o Mocho, inquieto e assombrado, solta o seu grito peculiar e tenta despertar o pintor.
Tenho uma vantagem sobre “eles”. Conheço e não sou conhecido. E quando, por acaso, acontece um erro de escrita, que se lixe…

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