sábado, março 17, 2007

 

O homem de teatro



Para merecer o nome de homem de teatro, não basta ser actor ou encenador ou director. É preciso ser isso tudo ao mesmo tempo, e até um pouco mais, acessorista ou roupeiro, por exemplo, se sente necessidade de o fazer sentir. Numa palavra., é preciso, como um Molière outrora, como um Dullin ou um Jouvet ontem, servir com o mesmo amor todas as profissões supostas da vida do palco.
Numa companhia que se respeita, há três espécies de actores: os mais velhos, os adultos e os jovens.
Com os mais velhos, o homem trabalha a qualquer distância, como um boxeur. Por respeito, tacto e habilidade. A idade profissional tem direitos, é o costume e é também a recompensa merecida de tantos anos de esforços e de sacrifícios. O mais velho é a ciência; uma ciência que se construiu atravessando certamente várias estéticas dramáticas.
O mais velho é enriquecedor para o homem de teatro; traz tradições que, por não serem todas válidas (o gosto muda depressa no teatro), não abrem, por vezes, horizontes insuspeitos.
Todavia o homem deve conseguir persuadir o mais velho da necessidade de algumas achegas novas, que grau de consciência habitual. Trabalho de alta estratégia para ambos, na estima, no respeito e na compreensão.

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