segunda-feira, março 12, 2007

 

Melancolia do louco



A solidão absoluta, o espectáculo da natureza mergulham rapidamente num estado quase impossível de descrever.
Sem familiares à altura, sem amigos, por assim dizer só sobre a terra, não tendo nunca amado ou sido amado, sente-se abandonado, acabrunhado.
Por vezes ruge subitamente e sente escorrer do seu coração rios de lava ardente.
Por vezes solta gritos involuntários e a noite é igualmente, para além de longa, demasiado longa, perturbada por pensamentos atrozes.
Falta qualquer coisa para preencher o abismo da existência. Não pode descer mais e subir muito menos; nem apelando às forças do desejo o ideal objecto de uma chama profunda e futura.
Está embaraçado, acredita ouvir-se nos gemidos que solta de vez em quando.
Tudo são fantasmas imaginários.
Sofre terrivelmente na sua solidão. Como exprimir esta massa de sensações fugitivas vividas no seu quotidiano? Ouve sons e sente paixões e vive como no silêncio do deserto.
Nada mais faz na vida que perseguir-se a si próprio.
Sente-se como vivendo num furacão desejado, anda a passos largos, cara inflamada, com o vento assobiando na cabeleira, não sentindo nem a chuva nem o arrepio do frio, encantado, atormentado, como possuído pelo demónio.

PS: Caro Osório. Cá te espero no dia 28. Tentarei mostrar-te o que por aqui há de melhor. Até lá as melhores saudações.

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