quinta-feira, janeiro 11, 2007

 

Passeando em Besançon

Sob um frio de rachar de temperaturas negativas, entro no Café Pasteur, que está bem aquecido a carvão de uma salamandra colocada bem no centro.
Daqui saúdo e cumprimento com satisfação os meus amigos.
Tenho deambulado por Canidelo, numa espécie de viagem subterrânea até lá, embora tenha ido de avião até Pedras Rubras. Porque ainda sou dos que chamam assim ao velho aeroporto do Porto. Quero lá saber do nome de Francisco Sá Carneiro…
Mal ouso dizer a mim mesmo para onde fui e mesmo no caminho de regresso ainda receava e só quando cheguei a Besançon tive a certeza de ter estado onde estive.
Como tudo é diferente. Mas, deixem-me dizer que tenho pensado milhares de vezes, que penso constantemente em vós ao olhar todas as coisas que nunca pensei ver.
Imaginava Madame La Confradesse uma senhora de certa idade, roliça e cheia de carnes e afável na sua postura e linguagem.
Fiz em solitário todo o caminho para procurar o centro para o qual uma imperiosa necessidade me puxava. Puxou-me para Canidelo e pude mesmo passar junto à sua Junta de Freguesia, esperar pela hora de saída dos seus edis e vê-la. Enfim, vê-la pessoalmente, em carne e osso, convenhamos que mais osso que carne. E, curioso, pude, como em imagens circenses e enganadoras, pude ver que usa barbas grisalhas, que é esquelética e que, imaginem os meus amigos, não passa de um homem. Pelo menos veste calças, usa barbas e bigode, cabelo como as barbas, grisalho e, por baixo dos seus óculos, tem o olhar fixo e o andar altivo e decidido, como um autómato dirigido por algum comando electrónico. Um verdadeiro Robot.
A ânsia de ver esta senhora – oh pobre desilusão a minha – redundou numa enorme decepção. Estão os meus amigos a imaginar a cena!
Pensava poder trazer comigo um autêntico tesouro e não desejar o regresso. Desejei-o mais que tudo e cá estou de novo só, sem vontade de recordar o que vi.
Se houvesse uma próxima vez, teria o bom senso de ter perguntado antes de tudo o mais de quem se tratava ou teria contratado um guia. Deixem lá, de mim não se compadeçam, porque conheci em, pessoa o Joaquim Andrade. Irei telefonando de vez em quando aos meus amigos, mas tão cedo não voltarei ao meu país.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?