sexta-feira, janeiro 05, 2007
O Pedigree de Madame

A pensão, conhecida pelo nome de Casa da Confradessa, admite igualmente homens e mulheres, novos e velhos, sem que jamais a maledicência tivesse tido motivos para criticar os hábitos de tão respeitável estabelecimento. Se bem que…
Mas também jamais – pelo menos nos últimos trinta anos – se lá viu gente nova e para que um rapaz nela se instale é necessário que a família lhe dê uma mesada bastante magra.
A Madame La Confradesse de Andrade, é também ela magra, quase esquelética e por tudo e por nada faz um drama, devido à maneira abusiva e intolerável com que alguns lhe prodigalizam nestes tempos de literatura pungente a atenção.
Não porque a história de Madame seja dramática no verdadeiro sentido do termo, mas sim porque, uma vez que a sua obra não está ainda concluída, talvez se dedique a derramar algumas lágrimas, intra e extramuros.
Compreendê-la-ão fora de Canidelo? É lícito duvidar.
As particularidades do lugar onde decorre a acção, repleto de características e de cores locais, só podem ser apreciadas do alto da Torre da Junta de Freguesia e das alturas do campanário local.
Naquela terra ilustre, de casas constantemente prestes a desmoronar-se e de valetas de lama negra. Terra cheia de sofrimentos autênticos e de alegrias sempre falsas que não sei que acontecimento exorbitante, para nele se produzir alguma sensação mais perdurável.
Apesar disso, encontram-se por lá, aqui e ali, dores que a aglomeração dos vícios e das poucas virtudes torna grandes e solenes perante os quais os egoísmos e os interesses se detêm compadecidos.
Pobre Madame La Confradesse…