quarta-feira, janeiro 31, 2007

 

A "mulher" e o Qim



Arrastava-se o ano de 2007, um dos chamados anos vindouros… depois da guerra que se desencadeou em Canidelo.
Num recanto tranquilo de Gaia, entre frondoso arvoredo e luxuriante vegetação, oculta-se o Qim Andrade, mesmo ali junto ao albergue carinhoso de tantos infelizes a quem a sorte não sorriu, pedaços destroçados de dramas intensos, que a morte apagará um dia para sempre da superfície da terra, sem qualquer inconfidência que nos permita compartilhar ou entender a grandeza das desventuras que giram na vida lado a lado com a indiferença da maioria.
Também o Qim Andrade se mostra indiferente.
Canidelo, terra de tradicionais hábitos pacatos, serve à maravilha para o enquadramento do albergue do Qim, que se propõe esquecer o amargor dos baldões da vida acidentada exterior, a todos os seus infelizes protegidos. Claro que tudo não passa de mera ironia, como deveis compreender meus amigos.
Um dia, um casal, aparentando marido e mulher, atravessavam Canidelo com certo ar de curiosidade, como quem busca reconhecer a topografia vilã, ou por desabito dos trilhos irregulares por onde vai descarrilando Madame La Confradesse.
Lia-se na cara da senhora uma profunda e vincada preocupação angustiada, ao contrário do que acontecia com o seu companheiro, o Qim que, veio a saber-se mais tarde era também o Barbosa, que pisa energicamente e com visível aspecto confiante, quase alegre. Sempre foi avesso a dar algo de si. Nem sei como lhe puderam confiar, na Junta de Freguesia, os pelouros que ocupa. Houve engano, de certeza.
Dirigiram-se a uma pessoa que passava e ele perguntou: “Onde fica o albergue?”. “Além, ao fim daquela rua, volta à esquerda e logo verão uma grande cerca arborizada por detrás da qual fica a entrada principal, depois de ladeado o muro branco.
Ora, isso de virar à esquerda é coisa que ofende, só de poder alguém pensar, o Quim Andrade de Canidelo. Mas lá foi com a mulher, que mais não era que Madame La Confradesse, que tinha sido infiel ao marido.
Ainda um dia hei-de perguntar-lhe, ao Qim Andrade, que foi fazer ao albergue.

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