quarta-feira, janeiro 10, 2007

 

Jamais de la vie, Madame



Está tudo tão tranquilo à minha volta, e a minha alma tão calma.
Agradeço-te, meu Deus, por dares a estes últimos momentos este calor, esta força.
Vou à janela, e olho, e vejo ainda, através das pesadas nuvens que passam, as estrelas do Céu eterno. Esse eterno transporta-vos, Madame La Confrradesse, no seu coração. Vi a Ursa Maior, de todas as constelações a minha preferida.
Quando naquela noite saía de vossa casa, Madame, de mãos erguidas, a tomei por símbolo, por marco divino da minha felicidade de então. E ainda, Ó Confradesse, tudo me faz pensar em vós. Estais à minha volta como em toda a parte. Como se fosse uma criança, agarro em mil pequenas coisas que vós, tocastes com as mãos.
Cara imagem. É a vós que a deixo, Madame La Confradesse, e peço-vos que a tomeis. Dei-lhe milhões de beijos, milhões de saudações ao sair e entrar de e em vossa casa.
Um dia pedi a vosso pai, num bilhetinho, que se ocupasse do meu cadáver quando fosse desta para melhor. Vosso pai, entretanto já faleceu, penso, e é a vós, Senhora Minha, que agora solicito tal empenho. Vós, que amastes mil ou mais, tende piedade desta pobre alma que pena em Besançon. Olhai, também vós, o firmamento e apreciai a beleza da Ursa Maior. Imaginai-vos a Menor.
Que vos falta para a superardes? Tendes tudo excepto aquele pequeno nada que vos falta. Um dia, quando regressar ao meu país, dir-vos-ei o quê.
Até lá, estimadíssima Madame La Confradesse, pacientai e tende o maior cuidado para que vosso esposo de nada se aperceba do que entre nós se passa. Este amor eterno, Madame, que me corrói as entranhas lenta e paulatinamente.
Jamais me e vos perdoaria tal indiscrição. Até breve…até sempre… até amanhã!

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