sábado, janeiro 06, 2007

 

Dançando com Madame

Enquanto íamos evoluindo pelo salão de dança, a conversa incidia sobre o prazer de dançar. A dada altura, Madame La Confradesse sussurra-me ao ouvido:
“Mesmo que esta paixão seja um defeito, confesso-lhe francamente que para mim a dança é o que há de melhor. E quando alguma coisa me preocupa, basta tamborilar no meu piano desafinado uma contradança para que volte a sentir-me bem!”
Como eu me deleitava nos seus olhos negros, enquanto dançávamos! Como os seus lábios vivos e as faces coradas e frescas arrebatavam toda a minha alma! Eu, completamente mergulhado no encantador sentido do seu discurso, muitas vezes nem sequer ouvia as palavras com que ela se exprimia! E como me apetecia pousar a mão no seu seio avantajado… e erguido…atrevido!
Podeis fazer uma ideia, meus amigos.
Resumo o encontro entre a Madame e entre o vosso leal amigo:
Fomos de carro até ao local da festa. Ela ordenara ao chaufeur que nos levasse ali. Ao sentar-me a seu lado, no banco traseiro, fiquei perdido nos sonhos do mundo crepuscular que nos envolvia, a ponto de mal ouvir a música que vinha do rádio do carro.
Chegados ao local, envolvemo-nos em minuetes, depois de educadamente a convidar. Felizmente consentiu conceder-me a distinta honra de minuetar comigo, depois de valsar e por aí adiante.
Sabeis uma coisa? Ela entrega-se à dança tão completamente, o seu corpo é de uma tal harmonia, e fica tão despreocupada, tão natural, como se na realidade a dança fosse tudo para ela, e ela não pensasse em mais nada, não sentisse nada mais. E tenho a certeza de que na altura a seus olhos tudo o mais desaparecesse.
Convidei-a para uma segunda contradança e ela prometeu-me a terceira, e com a franqueza mais amável do mundo, assegurou-me que gostava imenso de dançar comigo.
De repente acordei do tremendo e terrível pesadelo. Acendi a luz, olhei à minha volta e certifiquei-me estar no meu quarto. Imaginais, não?

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