terça-feira, novembro 21, 2006

 

«Caros Camaradas»

Discutimos recentemente com os nossos camaradas da Alemanha Democrática a possibilidade de troca de membros do nosso movimento, a fim de se criar uma base de intercâmbio entre nós. Mas é preciso saber que, em virtude de medidas discriminativas aplicadas pelo Ministério do Interior, é pouco provável que os seus delegados possam visitar-nos, o que torna ainda mais importante o intercâmbio.
Convidaram-nos generosamente a seleccionar cinco delegados da célula com boa experiência e boa folha de serviços, no capítulo de estimular a acção de massas na rua. Cada camarada escolhido assistirá, durante três semanas a discussões relacionadas com o progresso industrial e bem-estar social e verá com seus próprios olhos provas da provocação fascista de Portugal. É uma excelente oportunidade para os nossos camaradas beneficiarem da experiência dum país socialista.
Peço, por isso, ao distrito do Porto que indique os nomes dos jovens membros trabalhadores dessas áreas, susceptíveis de tirarem o maior partido possível da viagem. O nome de “A” é um deles. Se puder, desejo que aceite e realize a segunda parte do plano, que consiste em estabelecer contacto com uma célula do Partido da RDA, cujos membros pertencem a meios industriais semelhantes aos nossos e enfrentam problemas idênticos.
Estou certo de que os camaradas saberão encontrar as pessoas indicadas para o fim em vista e de que a sua missão terminará em completo êxito. Todas as despesas ficarão a cargo da Repartição Cultural da RDA do Partido Socialista.
Confio que compreenderão a grande honra concedida e estou certo de que não permitirão que razões pessoais os impeçam de aceitar. As visitas realizar-se-ão no fim do próximo mês, cerca do dia 23, mas os camaradas escolhidos não viajarão juntos, em virtude de os convites não poderem ser feitos em simultâneo.
A rápida comunicação – pelos meios usuais – da aceitação do convite servirá para receberem mais pormenores.
Assinava: (X)
Esta carte foi recebida pela célula do Partido Socialista em Janeiro de 1973, tendo efectivamente sido enviado um conjunto de delegados à RDA. Imagine-se o “orgasmo” mental do Evaristo se tal carta lhe tivesse chegado às mãos. Tive a honra de ser um desses delegados, eu, Eurico de Sousa com toda a honra. Aí ficamos a saber que algo de muito importante se preparava em Portugal a nível militar. Um primeiro-sargento do exército estava presente.

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