domingo, outubro 08, 2006

 

Aventura perigosa - V

Dois homens e uma mulher sairam dum compartimento e dirigiram-se para o corredor que conduzia às escadas que levavam à "Caverna". «Eram apenas mais três pares de nalgas que procuravam consolo».
Eram seus conmhecidos de longa data. Nesse tempo ocupava-se do "material" e era magro como um lobo esfaimado, apesar de possuir o mesmo apetite que o dito. Por causa desse apetite tinha saído uma noite em que não devia fazê-lo, para ir comer uma pratada de spaghetti. Situava-se ali para as bandas do "Heroísmo", bem perto do cemitério lá existente, tendo aí encontrado um amigo que falava espanhol e que lhe valeu para que não perdesse os seus atributos másculos.
Os seus olhos preguearam-se. sabia o que se passava ali melhor que ninguém.
O El Rey era o local mais ao abrigo da polícia, pela simples razão de que, tendo em conta o que lá se praticava, não teria podido durar sem as poderosas protecções de que dispunha.
De vez em quando, para disfarçar, os "bófias" efectuavam um controlo, mas o gerente era avisado muito tempo antes. Nesses dias não se passava nada na "Caverna"
De cotovelos apoiados no balcão, um indivíduo seguia-o com os olhos no espelho que decorava a parede atrás do bar. O seu maior prazer era torturar, física e psicologicamente. Considerava não ter tempo para para tratar seus "inimigos" - do regime de então - com suavidade e finura.
As coisas começavam a mexer na "Caverna" e ele não iria perder o espectáculo. Era preciso saber esperar... porque em Gaia ou no Porto ele era o "doutor". "Dr. Reis", também conhecido noutras bandas como "ZN", "RT"..., enfim, mil e uma alcunhas.
Chamou o empregado que lhe serviu, como habitualmente, um "Porto" Sandeman. Não tirava os olhos, por trás dos óculos escuros, dum indivíduo que estava sentado num compartimento atrás dele, ligeiramente à direita. Com ele era tudo sempre à direita. Nessa altura pouco mais teria que os 38 anos... Dizia sempre ter estado na Força Aérea, sucedendo-lhe cada vez mais pensar nos amigos da tertúlia de outrora, em Luanda e tudo. Como Luanda está hoje, entregue aos celerados dos "comunistas"... Uma vez, alguém o disse, fez amor num hangar, perto da gare de carga... Voltou a pegar no copo e emborcou uma golada. Era curioso pensar nisto tudo no momento em que começava a ansiar ir atá à "Caverna".
(Continua...)

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