quinta-feira, setembro 28, 2006

 

O El Rey

Há bastantes anos, conta-se para as bandas de Gaia, no canidelo havia uma rua muito larga, não muito bem iluminada e bordada na sua maior parte de gradeamentos ou barreiras de madeira pintadas de cores vivas, atrás das quais se erguiam as casas plantadas no meio de pequenos jardins.
O El Ry avistava-se de longe porque só ele estava rodeado dum muro muito alto no qual se abria uma porta de madeira maciça reforçada com ferragens, por cima da qual pendia uma lanterna.
Dizem também que o "El Rey era um clube privado" e que tinha um empregado de nome Miguel,, tipo alto e de músculos fortes, mas com poucos miolos. Era, segundo dizem, o que se chama pau para toda a colher e que sabia guardar bem os segredos. Obediente à voz do mestre.
Ora, numa noite de Outono, o "nosso" homem foi lá tocar à campainha, ficando á espera, der mãos metidas nos bolsos do impermeável e olhar fixo na placa de cobre pregada na porta.
(Ninguém se consegue lembra com exactidão o que dizia a placa, mas alguns pensam lembrar-se tratar-se dum local de reuniões secretas. Aliás bem esquisitas eram as pessoas que lá iam.) Aberta a porta, subiu o pequeno caminho apertado entre duas sebes até à casa.
Não faltava gente, Dois terços eram homens e um terço mulheres. Alguns bebiam ao balcão, estando os outros instalados em compartimentos alinhados ao longo das paredes. Tudo banhado por uma luz discreta e envolvida em música que então se podia tocar.
Ao ultrapassar o umbral tirou o impermeável. O gerente do local estava a falar com um casal no bar.
O El Rey tinha empregada de vestiário. Tendo em conta as actividades muito particulares praticadas no "Clube", o pessoal achava-se reduzido, pelas necessidades da prudência, ao casal e seu filho e dois sobrinhos. Tudo se passava em família.

Muitos tipos estranhos, alguns estrangeiros, estilo homens de negócios florescentes, facilmente identificáveis pelo corte dos fatos escuros e suas gravatas pretas. Se lhes vissem a cintura, podiam constatar tratar-se dum cinto cuja fivela tinha a forma dum "S".
Dentro do El Rey havia um local chamado "A Caverna", situada numa cave que mais parecia um bunker, sendo necessário descer dois bons lances de escadas para lá chegar, não sendo possível ouvir qualquer som, viesse de onde viesse. O que equivalia a dizer que ninguém poderia ouvir o que lá se passasse e dissesse, por muito alto que se gritasse.
(continua...)

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