sábado, setembro 23, 2006

 

A grande aventura - II

Depois de pensar durante algum tempo e porque recomeçava a choviscar, levantou-se e regressou á meditação enquanto palmilhava, Avenida acima, o passeio.
Lembrava-se que nada tinha preparado para singrar na vida e, no entanto, safara-se muito bem. Só que, desde há uns quantos dias, era diferente...
Antes tinha lutado como toda a gente para ganhar a vida, cavar o seu buraco...
Fora simplesmente mais penoso no seu caso devido à educação que recebera. Impossível fazer melhor, pensava para consigo. Não obstante, tudo teria podido passar-se muito bem se não fosse aquela crise quando acabara de completar uma certa idade, depois de tantos anos a fazer espirrar tantos narizes de sangue.
Felizmente para ele, recebeu o auxílio que o livrou, como a tantos outros, de receber o merecido "prémio para as suas façanhas" de outrora.
Um pequeno empréstimo em dinheiro, que lhe permitira alojar-se num minúsculo quarto com todo o conforto no patamar.
Tinha sido um período de economia sórdida em que a menor despesa era um problema. Havia-se agarrado com raiva, sentimento que ganhou para o resto da sua vida.
E depois, um "diploma" e um modesto lugar que lhe permitia vestir-se um pouco melhor, andar com as mãos mais lavadas...
A seguir houvera outros "diplomas". Trocara o seu lugar por outro, que se lhe oferecia mais interessante. E por fim, tornara-se "colaborador de negócios", abandonando todas as funções oficiais antes de se consagrar unicamente a um computador insultante.
Muito se murmurara na altura na cidade de Gaia, sobretudo no Canidelo. Dizia-se até que fora constrangido a essa retirada brusca da vida pública por causa duma imobiliária pouco clara que lhe teria dado várias dezenas de milhares... Contudo, como continuara a fazer os seus discursos e a ser escutado em certos círculos, admitira-se geralmente que os rumores eram "caluniosos".
(continua...)

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?