sábado, setembro 30, 2006

 

Aventura perigosa IV

No dia seguinte acordou cedo e mal-disposto, o que não era suficiente para criar uma imagem muito precisa de si mesmo.
Tocou o telefone e foi atendê-lo. Era um seu lacaio a perguntar qual seria o emblema a pregar hoje na camisola. Ele vestira uma camisa de colarinho aberto com um lenço de pescoço amarelo e preto.
Alguém lhe dissera um dia, segredando-lhe ao ouvido: "Não estou certo que seja o seu nome verdadeiro. Quando o conheci trabalhava para «ela». Contaram-me que também tinha operado por conta dos americanos e até dos israelitas e até por conta dos russos. Que também se ocupou de certos assuntos africanos e que a dada altura instalara, parece, uma fieira por onde fazia afastar-se os que sentiam vontade e possuiam meios".
Uma pessoa que estivera ao serviço de tantos "serviços"; alguém poderá confiar nesse género de indivíduos?
Sempre houve quem confiasse, e de qualquer modo, a escolha cabe a cada um.
Qual a sua origem? Ninguém sabia nada a seu respeito. Um tipo que o conhecera bem teria dito ter ouvido contar que sempre se houvera bem naquele tempo.
Muitos se interrogavam sobre aquilo com que poderia parecer-se um homem daquele género. O seu comportamento era já sobejamente conhecido.
Alguns sentiam medo, até os falsos pedintes à porta do Congregados, pois tudo podia depender daquele desconhecido com um passado mais que turvo e nome incerto.
Ele sabia de tudo isto e sentia medo. Fechou os olhos, apertou os dentes e decidiu: "é o nervoso, vai passar".
Iria ao Porto e regressaria a tempo de almoçar no seu restaurante preferido, O Alfaiate, também conhecido como o rei do bacalhau assado na brasa.
(continua...)

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